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20/05/2014
RELAÇÃO ENTRE DEPRESSÃO E MENOPAUSA EM MULHERES NA FAIXA ETÁRIA DE 45 A 65 ANOS
por Vilma Aparecida Pereira Coelho

1. Introdução

A depressão é um sério problema de saúde, que vem crescendo de maneira significativa, tem como característica o sofrimento psíquico e físico do indivíduo. A menopausa é um período marcado pela redução fisiológica da função ovariana, durante a qual, acontecem mudanças endócrinas, somáticas e psí­quicas. É um processo que ocorre quando a mulher pára de ovular e menstruar e quando não é mais capaz de conceber um filho (POLISSENI et al., 2008; PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2008).

Entre os sintomas psicológicos apresentados, o humor é um dos mecanismos mais acometidos, esse período de mudança da vida da mulher é uma fase de considerável estresse e, assim de risco para o desenvolvimento da depressão. Embora seja um processo natural do envelhecimento, os sintomas da menopausa podem causar desconforto em maior ou menor grau nas mulheres que o vivenciam, causando assim prejuízo na qualidade de vida das mesmas (VERAS et al., 2007; NIEVAS et al., 2006; POLI; SCHWANKE; CRUZ, 2010).

Dessa forma, a menopausa deve ser pensada não só como um evento biológico, mas biopsicossocial. Este estudo trouxe como problematização à seguinte questão: pode-se associar um aumento no índice do quadro depressivo em mulheres durante a fase da menopausa?

Com relação às hipóteses testadas, traz-se aspectos relacionados aos fatores de que: a menopausa pode desenvolver um maior índice de sintomas depressivos, mulheres que desenvolvem uma atividade profissional durante a fase da menopausa, apresentam um nível menor de depressão e mulheres que vivenciam a fase da menopausa com um companheiro, têm menores índices de desenvolvimento da depressão.

Diante do exposto, o objetivo geral do estudo foi investigar a prevalência de depressão em mulheres no período da menopausa. E como justificativa, a relevância pessoal, que se deu pelo fato de ser uma fase marcante da vida das mulheres, portanto, um momento rico para ser trabalhado. Cientificamente a pesquisa se justifica por ser feita com instrumento validado, uma vez que outras pessoas poderão usá-la como base, podendo assim, contribuir para novas pesquisas.

Para a sociedade se mostra importante, devido ao fato de poder auxiliar na promoção do entendimento de como a menopausa pode estar influenciando o aparecimento da depressão que acaba por comprometer a qualidade de vida das mulheres, podendo assim pensar em formas de prevenção. A pesquisa foi realizada em uma Unidade Básica de Saúde do município de Rolim de Moura – RO.

O presente estudo está estruturado da seguinte forma: primeiramente será abordado o conceito de depressão, menopausa e depressão na menopausa, em seguida será feita a apresentação, discussão e análise dos resultados obtidos, e posteriormente as considerações finais.

2. Depressão

A tristeza é uma característica humana, resposta às situações de perdas, derrotas, estresse, fracassos e a outros conflitos vivenciados no cotidiano. Em determinadas circunstâncias pode ser considerada normal, mas quando se torna muito intensa, poderá levar ao surgimento de um sofrimento psíquico, constituindo assim um sinal de alerta, demonstrando que a pessoa está precisando de ajuda (DEL PORTO, 1999; FONSECA; COUTINHO; AZEVEDO, 2008).

Para Fleck et al. (2009), a depressão é um agravo a saúde relativamente comum, crônico e recorrente, está associado com incapacidade funcional, afeta a saúde física e o bem estar da pessoa. Além de elevar a procura por serviços de saúde.

A depressão tem impacto negativo na vida não só do paciente mas também de seus familiares, causando prejuízos nos aspectos sociais, profissionais e outras áreas importantes da vida, caracterizada como um transtorno de humor. É uma das alterações afetivas mais comentadas e estudadas nos últimos tempos. Ela modifica a percepção que a pessoa tem de si mesmo, passando assim a  ver seus problemas do cotidiano como grandes desastres (ESTEVES; GALVAN, 2006; POWELL et al., 2008).

Os sintomas mais  característicos   da depressão são irritabilidade, apatia, perda de interesse, tristeza, atraso motor ou agitação, idéias agressivas, desolação e diversas queixas somáticas como insônia, fadiga, anorexia (ESTEVES; GALVAN, 2006).

Para Martins e Barreto (2009), a depressão é uma doença que afeta o emocional do indivíduo incapacitando-o de sentir prazer. É caracterizada pela baixa do humor, abatimento e melancolia profunda, na maioria das vezes acompanhados de mal-estar fisico e de alguns sentimentos como, falta de auto-confiança e de coragem, desânimo, pessimismo e sentimento de pesar.

Segundo Del Porto (1999), a depressão é classificada de acordo com o estado geral de cada paciente, podendo ser designada como um sintoma, uma síndrome ou como uma doença. Para  o autor, a depressão como sintoma pode surgir nos mais variados quadros clínicos ou como resposta à situações de muito estresse ou a outras circunstâncias sociais e econômicas adversas. A depressão como uma síndrome, envolve mais que alterações de humor como tristeza, irritabibilidade, falta de capacidade de sentir prazer, apatia, mas também outros aspectos como alterações cognitivas, psicomotoras e vegetativas. A depressão como  doença pode ser classificada de várias formas, de acordo como o período histórico, do ponto de vista e preferência adotada pelos  autores.

2.1 Menopausa

A menopausa é um processo que ocorre quando a mulher para de ovular e menstruar e quando não é mais capaz de conceber um filho. Acontece geralmente um ano após o último ciclo menstrual. (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2008).

Grande parte das mulheres apresenta, nesse período, ciclos menstruais irregulares, com períodos de amenorréia ou de sangramento frequente, associados à flutuação hormonal que acontece nessa fase em decorrência de um desenvolvimento folicular irregular. (ANDRADE; VIANA; SILVEIRA, 2006).

Para Rossi (2004 apud PAPALIA; OLDS; FELDMAN (2009) durante a menopausa a produção de óvulos começa a diminuir, e os ovários produzem cada vez menos estrogênios, o hormônio feminino. A fase de três a cinco anos que ocorre essa desaceleração de hormônio e da ovulação antes da menopausa é chamada Perimenopausa ou climatério.

De acordo com Galvão et al. (2007), o  climatério corresponde à fase final da vida reprodutiva da mulher, onde acontece o declínio gradual da função ovariana e ocorre a menopausa. Tem início por volta dos 45 anos e pode chegar até aos 65 anos, e está associado com algumas alterações biopsicossociais que acaba por afetar o bem estar da mulher comprometendo assim a sua qualidade de vida.

Em decorrência do hipoestrogenismo, surgem sintomas vasomotores, atrofia vaginal, disfunções sexuais, sintomas urinários, podendo aumentar o risco de doenças cardiovasculares e osteoporose (POLISSENI et al.,2009).

Segundo Andrade, Viana e Silveira (2006), à maioria das mulheres experimenta durante a perimenopausa sintomas físicos e psíquicos associados a alterações de humor. Os sintomas característicos desse período são, ondas de calor, acompanhada por sudorese intensa, podendo ocorrer com frequência durante a noite, o que prejudica a qualidade do sono. A utrofia uregenital que ocorre provoca sintomas urinários que podem levar a dispareunia.

Para Berni, Luz e Kohlrausch (2007), a intensidade das alterações que a mulher vivência na fase do climatério vai depender do ambiente sócio cultural que ela está inserida, das suas condições de vida e do nível de privação estrogênica. Porém a maioria dos sintomas está relacionada com a redução dos níveis de estrogênio circulantes.

Culturalmente a menopausa é vista como uma fase marcante, que determina algumas mudanças na vida da mulher, até mesmo em seu papel social. Porém a menopausa favorece o aparecimento de alguns sintomas desconfortáveis e aumenta o aparecimento de doenças (FAVARATO; ALDRIGHI, 2001).

No Brasil, a média de idade para ocorrência da menopausa é de 51,2 anos. A expectativa atualmente de vida da mulher brasileira é de 72 anos, calcula-se assim que as mulheres permanecem um terço de suas vidas em estado de deficiências hormonais. E essas modificações são na maioria das vezes acompanhada de mudanças fisiológicas e comportamentais (ZAHAR et al., 2005).

2.2 Depressão na Menopausa

Segundo Fleck et al. (2009), a condição feminina já é um fator de risco para a depressão, estudos realizados em vários países, em diferentes comunidades e em registro de busca por serviços psiquiátricos mostram que a depressão é duas a três vezes mais frequente em mulheres que em homens.

Durante a fase da menopausa acontecem algumas alterações no corpo e na mente da mulher, entre os sintomas psicológicos apresentados, o humor é uma  das estruturas mais afetadas (VERAS et al., 2007).

Os sintomas mais comuns das alterações de humor na menopausa  são irritabilidade, labilidade emocional, episódios de choro imotivado, ansiedade, humor depressivo, falta de motivação e energia, dificuldade de concentração, memorização e insônia (ANDRADE; VIANA; SILVEIRA, 2006).

Segundo Blumenfield e Tiamson-kassab (2010), as alterações hormonais que acontecem durante a menopausa estão associados a episódios vasomotores descritos como ondas de calor, podendo causar ansiedade, desconforto e insônia. Para algumas mulheres, pode ter um significado psicológico importante no fato de ter atingindo esse estágio do ciclo reprodutivo,  gerando sentimentos de perda e depressão.

Para Galvão et al. (2007), as reações emocionais que acometem as mulheres no climatério são muito variáveis, algumas vivenciam com pouco ou nenhum desconforto, reconhecendo esse período como uma nova fase do amadurecimento, que é possível viver com maior segurança e conforto. Outras podem vivenciar de forma negativa apresentando vários sintomas e queixas psíquicas, as que mais se destacam são irritabilidade, ansiedade, depressão e disfunções sexuais.

Para Poli, Schwanke e Cruz (2010), é importante ressaltar que a menopausa é um processo biológico natural e não uma doença. No entanto pode proporcionar na maioria das mulheres, sinais e sintomas que causam sofrimento, podendo prejudicar a sua qualidade de vida, alterar o sono e despertar sentimentos de tristeza e perda.

2.3 Consequências da Depressão Na Menopausa

A depressão se mostra comprometedora da qualidade de vida da mulher, além do risco de suicídio, tem as dificuldades sociais, matrimoniais, profissionais, podendo assim retirá-la do convívio social e dos cuidados com a saúde. Pesquisas têm demonstrado que a depressão e a ansiedade têm sido a quarta causa mundial de incapacitação social e um dos principais problemas de saúde pública. As dificuldades sociais da depressão incluem tanto a incapacidade individual como o fardo familiar associado à doença (SILVA et al., 2008; LIMA, 1999; POLISSENI et al., 2009).

3. Metodologia

3.1 Sujeitos

Participaram da pesquisa dezenove mulheres com idade entre 45 e 65 anos, que estavam em atendimento ginecológico em uma determinada unidade de saúde do município de Rolim de Moura - RO. A seleção da amostra foi do tipo não probabilístico por conveniência.

No momento do estudo quatorze (73,68%) das mulheres estavam casadas, três (15,68%)  solteiras, uma (5,26%) viúva e uma (5,26%) divorciada. Em relação a escolaridade, a maioria tem o ensino fundamental, um total de dezesseis (84,21%) e somente três (15,68%) tem o  ensino médio. Sobre a ocupação, quatorze (73,68) não exerce nenhum tipo de atividade renumerada e cinco (26, 31%) exerce alguma atividade. Quanto ao  número de filhos, nove (47,36%), responderam que tem  de um a três,  nove (47,36%)  de três a seis e uma (5,26%) nenhum filho.

Tabela 1 - Descrição dos dados sócios demográficos, interior de Rondônia - RO, 2012.

Características sócio demográficas

N

%

Idade
45-50
50-55
55-60
60-65


12
6
0
1


63.15
31.57
0
5.26

Estado civil
Solteira
Casada
Divorciada
Viúva


3
14
1
1


15.78
73.68
5.26
5.26

Numero de filhos
0
1-3
3-6


1
9
9


5.26
47.36
47.36

Atividade renumerada
Sim
Não


5
14


26.31
73.68

Escolaridade
Ensino fundamental
Ensino médio


16
3


84.21
15.78

Fonte: A autora (2012)

3.2 Instrumentos

Para realização da pesquisa utilizou-se o Inventário de Depressão de Beck (DBI), versão traduzida e validade em português.

O Inventário de Depressão de Beck é uma escala de auto-aplicação, composta de 21 itens, cada item com quatro alternativas, para medida da intensidade da depressão.  Os itens se referem à sintomatologia depressiva: tristeza, pessimismo, sentimento de fracasso, insatisfação, culpa, punição, auto-aversão, auto-acusações, idéias suicidas, choro, irritabilidade, retraimento social, indecisão, mudança na auto-imagem, dificuldade de trabalhar, insônia, fatigabilidade, perda de apetite, perda de peso, preocupações somáticas e perda da libido. Para obter o escore total do BDI, somam-se os escores individuais dos itens correspondentes às alternativas assinaladas pelos examinandos dos 21 itens. Cada grupo apresenta quatro alternativas, que podem ter escore 0, 1, 2 ou 3. O escore total permite a classificação de níveis de intensidade de depressão, que varia entre 0-11 mínimo, 12-19 normal, 20-35 moderado, 36-63 grave (CUNHA, 2001).

Da mesma forma foi utilizado um questionário sócio demográfico que foi desenvolvido especificamente para o estudo em questão, contendo questões acerca de idade, estado civil, ocupação, número de filhos e escolaridade, tendo como objetivo a melhor caracterização da amostra.

3.3 Métodos

Foi realizada uma pesquisa de campo, e posteriormente seus dados foram analisados de acordo com a abordagem quantitativa, de cunho descritivo e exploratório. E para melhor compreensão dos dados foi utilizado o método dedutivo.

3.4 Procedimentos

Para realização deste artigo, foi primeiramente desenvolvido um projeto de pesquisa, depois foi solicitada a autorização da instituição para realização da pesquisa.

A pesquisa foi feita mediante convite em uma unidade de saúde, durante os atendimentos que estavam sendo desenvolvendo no local, foi exposto o objetivo da mesma, o sigilo e a privacidade das participantes, esclarecendo que não haveria riscos de qualquer natureza e que a participação não era obrigatória, poderiam desistir a qualquer momento, sem nenhum prejuízo.

Foi aplicado a versão traduzida e validada em português do Inventário de Depressão Beck (BDI), e um questionário sócio demográfico elaborado para o estudo. No final os participantes foram informados que poderiam ter acesso aos seus devidos resultados, em dia e local determinado pela pesquisadora.

Para participação na pesquisa foi solicitado à assinatura do Termo de Consentimento Pós Informado o qual dispõe sobre os pontos acima especificados.

Após a aceitação as participantes receberam orientação conforme descrita no manual sobre como preencher o instrumento.

O teste foi aplicado individualmente através da auto-administração, levando um tempo médio de 15minutos.

A interpretação e análise dos dados foram feitas conforme os critérios descritos no manual, sendo que a análise foi feita enfocando os pontos mais relevantes relacionados aos objetivos da pesquisa.

4. Resultado e Discussão

Considerando o escore total de cada um dos participantes, obteve-se os seguintes níveis de escores do DBI dos pacientes: sete (36,84%) apresentaram nível mínimo, cinco (26,32%) depressão leve, cinco (26,32%) depressão moderada e dois (10,53%) depressão grave, como mostra o gráfico 1.

Gráfico 1 - Nível de depressão entre o total de entrevistados, interior de Rondônia, 2012.

Nível de depressão entre o total de entrevistados, interior de Rondônia, 2012. 

Fonte: A autora (2012)

O resultado do teste indicou a presença de depressão em 12 das 19 mulheres que responderam a pesquisa. Analisando as respostas das pesquisadas as 21 questões do BDI, observou-se a ocorrência de pelo menos um dos sintomas típicos que caracterizam um estado grave de depressão presente em todas as participantes.

Como base nesses resultados, observou-se uma elevada prevalência de sintomas depressivos em mulheres no período da menopausa.

Na meia idade da mulher,  além da menopausa que é um  evento fisiológico marcante que acontece e que geralmente vem acompanhada de manifestaçoes físicas e psíquicas, a meia idade feminina constitui um processo de transformação resultante da soma das alterações hormonais e corporais, e de agumas mudanças sociais (FAGULHA; GONÇALVES, 2005).

Geralmente as  mudanças socias que acontecem nessa fase são, modificação da estrutura familiar com a saída dos filhos de casa, aposentadoria, questionamento sobre a carreira, sobre o relacionamento afetivo, diminuição do desejo sexual, preocupações com o envelhecimento, fatores esses que podem levar a um repensar o sentido da vida.

Percebe-se assim que o elevado índice de depressão está associado a um conjunto de fatores que envolvem tanto as alterações biológicas como as mudanças psicossociais.

A menopausa é uma fase da vida da mulher durante a qual ocorrem alterações hormonais com consequências físicas, psicológicas e sociais, sendo assim um momento de considerável estresse, podendo desenvolver depressão (NIEVAS et al., 2006).

Fernandes e Rozenthal (2008), corrobora no sentindo de salientar que a presença de sintomas depressivos em algumas mulheres no período da menopausa pode-se originar de uma série de fatores socioculturais, individuais e biológicos, que em conjunto favorecem o aparecimento das alterações de humor e da depressão.

O gráfico 2 mostra os resultados das diferenças de níveis de depressão em mulheres que exercem ou não uma atividade renumerada.

Gráfico 2 - Nível de depressão em mulheres que trabalham e não trabalham, interior de Rondônia 2012.

Nível de depressão em mulheres que trabalham e não trabalham, interior de Rondônia 2012. 

Fonte: A autora (2012)

Das mulheres que trabalham 15,79% apresentaram um escore mínimo de depressão e 10,53% de depressão moderada. As mulheres que não trabalham 21,05% apresentaram um escore mínimo, 26,32% depressão leve, 15,79% depressão moderada e 10,53% depressão grave.

Os sintomas de depressão mostraram significativamente mais intenso entre as mulheres que não exercem uma atividade renumerada.

Dessa forma percebe-se que mulheres que não tem um trabalho renumerado são mais propensas a desenvolver depressão, tendo em vista as dificuldades econômicas, o fato de serem financeiramente dependentes do marido, fatores que podem dificultar o relacionamento conjugal e familiar. Hoje cada vez mais as mulheres estão entrando no mercado de trabalho, assim, essas mulheres que passaram suas vidas dedicadas aos cuidados com a casa e os filhos, que não tiveram uma independência do status econômico, podem desenvolver sentimentos de inferioridade e baixa alta estima, favorecendo assim o adoecimento.

Pesquisas mostram que mulheres que exercem uma atividade renumerada têm um risco cinco vezes menor de desenvolver depressão, sendo considerado o trabalho renumerado um fator de proteção. (POLISSENE et al., 2009).

O gráfico 3 mostra a diferença dos índices de depressão relacionado ao estado civil das participantes.

Gráfico 3 - Nível de depressão por estado civil, interior de Rondônia, 2012.

Nível de depressão por estado civil, interior de Rondônia, 2012. 

Fonte: A autora (2012)

Das mulheres solteiras 10,53% apresentaram um escore mínimo de depressão e 5,26% depressão leve. As mulheres casadas 26,32% apresentaram um escore mínimo, 15,79% depressão leve, 21,05% depressão moderada e 10,53% depressão grave. A divorciada 5,26% apresentou nível mínimo e a viúva 5,26% depressão leve.

Nesse estudo, sintomas de depressão se apresentam associados ao fato da mulher estar vivendo com um companheiro, o que não condiz com os achados de De Lorenzi et al. (2005), que relata que mulheres com relacionamentos maritais estáveis seriam menos propensas a desenvolver depressão e uma pesquisa feita por Lima (1999), que fala que a depressão parece ser mais frequente entre mulheres divorciadas e separadas do que em casadas e solteiras.

Assim, observou-se um índice elevado de depressão em mulheres casadas, o que pode estar associado a problemas conjugais, visto que na fase da menopausa acontecem algumas mudanças que podem diminuir a qualidade do casamento, como as alterações de humor e a diminuição do desejo sexual, questões financeiras, como já foi citado acima, podendo assim aumentar a cobrança do marido, gerando um desconforto na mulher, o que pode ocasionar brigas, discussões e questionamentos, além de desenvolver sintomas depressivos.

Segundo pesquisa feita por de Veras et al. (2006), dos fatores sócios demográficos foi observado maior pré disposição ao adoecimento psíquico em mulheres casadas e com baixo nível de escolaridade. O que corrobora com este estudo, tendo em vista que das mulheres pesquisadas a maioria apresentou baixa escolaridade.

5. Considerações Finais      

O objetivo desta pesquisa foi investigar a prevalência de depressão em mulheres no período da menopausa, e os números obtidos através da aplicação do BDI, mostraram que houve um elevado índice de depressão nas mulheres pesquisadas.

Os dados sócios demográficos analisados foram ocupação e estado civil, e os resultados da pesquisa apontaram que os sintomas depressivos estavam significativamente mais intensos em mulheres casadas e que não exercem nenhuma atividade renumerada.

A fase de transição da menopausa é um momento repleto de sentimentos e de modificações vivenciado pela mulher, porém se configura em uma etapa de adaptação que favorece o adoecer.

Pode-se concluir que a menopausa é um momento de vulnerabilidade para as mulheres, e os sintomas depressivos podem ocorrer por influência de um conjunto de fatores que são as alterações biológicas, sociais, psicológicas e familiares.

A grande incidência de doenças psíquicas na menopausa tem se revelado um problema de saúde pública, que muitas vezes é ignorado ou desconhecido por muitas pessoas, inclusive pelas próprias mulheres que o vivenciam, requerendo desse modo mais atenção dos profissionais de saúde.  A saúde mental e a qualidade de vida são importantes para que essas mulheres possam vivenciar essa fase de uma maneira saudável, buscando cada vez mais seu equilíbrio biopsicosociofamiliar.

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